Ler, imaginar, exercitar o cérebro e construir consciência crítica
Raul Pablo, de 5 anos, se senta com seus pais todos os dias para que eles contem historinhas de mais um dos livros que ele pega na biblioteca da escola. Após a leitura, a família faz, em conjunto, um resumo da narração. Essa cena poderia se passar em qualquer lar de classe alta do século passado, porém é na São Remo, nos dias de hoje, em que ela acontece.
As implicações da obrigatoriedade
A leitura sempre foi vista como a responsável por desenvolver o pensamento e sendo, portanto, essencial na infância. Porém, essa ideia está perdendo força, uma vez que atualmente as crianças preferem assistir a desenhos e filmes na tevê. Felizmente, na casa de Raul ainda não há esse comportamento.
O hábito de leitura que dominou gerações em que jovens se espelhavam nas personagens das histórias, imaginando diversos finais, talvez tenha perdido seu prestígio devido ao fato de as escolas indicarem determinados tipos de livros, e exigirem que os alunos façam fichamentos. Dessa forma, ler torna-se obrigatório, e foge ao seu propósito de descontração.
Por isso, tanto Fábio Silva, 11 anos, quanto Wesley Marques, 13 anos, preferem assistir a programas na televisão, a terem que ler os livros que a escola pede. “É chato ter que escrever sobre o livro depois, os desenhos são mais divertidos”, comentou o mais jovem. Já Felipe Lauro, também de 11 anos, assegura que é importante praticar a leitura porque “exercita o cérebro”. O último livro lido por ele foi “O disfarce da morte vermelha”, indicado pela escola, e o garoto diz ter gostado muito da história.
Problemas e soluções
A maioria das crianças só tem acesso aos livros por meio das bibliotecas escolares ou municipais. Os pais não incentivam os filhos a ler, até porque o preço médio das publicações, apesar de ter sofrido uma redução, é bem elevado. Isso dificulta seriamente a compra de livros para uma família com orçamento apertado.
Uma alternativa viável seriam os gibis. As histórias em quadrinhos, além de serem mais baratas, têm a intenção de entreter o leitor e diverti-lo, com enredo descontraído e linguagem simplificada. O que indica que são apropriadas para crianças e jovens que desejam adquirir hábitos de leitura. Independentemente do conteúdo, – se esse é mais elaborado, ou mais simples – o importante é que as crianças estejam lendo e, com isso, construindo consciência crítica para tornarem cidadãos mais cientes de sua função social.
Por Malú Damázio