Alumínio tem preço em queda no mercado internacional

Queda no valor dos materiais recicláveis afeta diretamente renda de trabalhadores do ramo na comunidade.

Calomar dos Santos, mais conhecido como Piauí, trabalha com reciclagem desde 2002. Autônomo, sempre trabalhou na área por conta própria e não tem contato com nenhuma cooperativa de reciclagem.

O que consegue, tanto de papel quanto de metal, coleta dentro da própria comunidade, pois, segundo ele, “não tem mais saúde para sair”. Apesar de ser conhecido por muitos moradores, “às vezes as pessoas guardam, às vezes, não”, referindo-se à preocupação das pessoas em contribuir com o trabalho dos catadores.

Questionado sobre o assunto, Piauí confirmou que há um ano, aproximadamente, o preço pago pelos recicláveis está em baixa. Para ele, a queda dos rendimentos deve-se mais a um interesse dos compradores em pagar um valor menor do que a uma saturação do mercado, pois “passa na televisão que está em falta”.

De fato, ao analisarmos os números, percebemos que, no que diz respeito ao alumínio, houve uma queda de valor de aproximadamente 20% em um ano.

Gerson Nascimento, que também trabalha com venda de recicláveis, confirma a queda nos rendimentos. Ele trabalha no ramo há aproximadamente 6 anos e diz que para conseguir sustentar sua família tem de coletar todos os tipos de material, além de não compensar se associar a cooperativas, pois assim os rendimentos seriam divididos. Parte dos materiais adquire comprando de condomínos para, então, revender.

Ambos ressaltam que praticamente não vale mais a pena coletar papelão, dado o baixíssimo preço pago pelos compradores intermediários. O material chega a valer de 8 a 15 centavos o quilo.

Gerson afirma que anualmente, em especial no período de setembro a dezembro, há uma diminuição do valor dos recicláveis. A maior queda dos últimos anos foi sentida com relação às latinhas, que já atingiram valores próximos a 5 reais por quilo e que hoje estão na faixa de R$:2,60 a R$:2,20.

A grande queda ocorreu no contexto da crise econômica mundial em 2008, quando a redução atingiu patamares próximos a 60% do valor.

Cooperativas do centro da cidade também sentiram a queda dos rendimentos. A Coopmare responsabilizou seus reduzidos rendimentos à crise econômica mundial, especialmente porque os metais são exportados, o que deixa a venda mais dependente da saúde financeira mundial. Eles também sofrem com a proibição do tráfego de caminhões em alguns horários, inviabilizando o trabalho.

O gráfico a seguir ilustra a variação do valor do quilo do alumínio – em dólar – no período de um ano:

Gráfico de 23/05/2011 a 22/05/2011. Fonte: www.lme.co.uk

 

                       

 

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