Contrastes da prosperidade nacional
Hoje a economia do eterno “país do futuro” vai bem, mas as desigualdades persistem.
Não foram poucas as vezes que, nos últimos anos, ouvimos dizer que o Brasil não para de crescer. A economia aparentemente consolidada nos protegeu de consequências mais graves vindas da crise econômica que estourou em 2008 e nos colocou entre os países emergentes com cada vez mais importância no cenário mundial. É fato que a economia brasileira está muito mais sólida do que há 20 anos, porém ainda há muito que fazer para que o desenvolvimento seja distribuído pela sociedade.
Países emergentes – termo para se referir a países que, com o desenvolvimento tecnológico e econômico, não são mais considerados subdesenvolvidos, mas ainda não atingiram o patamar dos países desenvolvidos.
O governo do Brasil, principalmente na última década, diversificou seus parceiros econômicos, o que fez com que o país se tornasse menos dependente das grandes potências. Entretanto, a participação brasileira no mercado internacional não aumentou significativamente em quantidade ou qualidade, uma vez que ainda é feita por meio de commodities, produtos primários de menor valor que os industrializados, como aponta o economista do Instituto Pólis, Mesaque Araújo da Silva.
Commodities – produtos pouco ou nada industrializados produzidos em grande quantidade e muito requisitados pelo mercado global. Ex.: Soja.
Crise de 2008: Mais investimento estrangeiro nos EUA promoveu o crédito facilitado para a população. Com isso, houve aumento na compra e, conseqüentemente, especulação (principalmente imobiliária), gerando juros mais altos. Assim, a população não teve como pagar suas dívidas com os bancos levando à quebra de muitos deles.
A diversificação da economia foi importante para que, com a crise de 2008, o Brasil não ruísse imediatamente junto com os principais envolvidos, Estados Unidos e Europa. Houve ainda alguns fatores que contribuíram para que, mesmo em ritmo desacelerado, o país continuasse crescendo.
Camada Pré-Sal: é uma região de alta profundidade no mar. No Brasil, em área que abrange principalmente o litoral de São Paulo e Rio de Janeiro, foi encontrada uma enorme quantidade de petróleo nesta camada, que pode colocar o país entre os dez maiores produtores do mundo.
A política econômica de incentivo às empresas nacionais, que provocou o aumento do número de trabalhadores com carteira assinada (17,3% nos últimos três anos) e ainda gerou o crescimento da oferta de empregos, foi um desses fatores. A descoberta do petróleo na camada pré-sal também atraiu investimentos milionários para a Petrobrás e a atenção do mundo para o Brasil.
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. Aponta os melhores países para se viver. Leva em conta três fatores: saúde, educação e economia.
Ainda não é, no entanto, momento de se acomodar com o sucesso. Há uma longa distância a ser percorrida até que a população sinta de fato o desenvolvimento da economia. Mais de 70% dos brasileiros não conseguem suprir suas necessidades mais básicas com o que ganham, lembra Mesaque Araujo. Além disso, ainda estamos em 84° lugar no que diz respeito ao índice de desenvolvimento humano (IDH) e temos 14 milhões de analfabetos na população. “Agora temos riqueza para resolver estas disparidades. O que falta, além de outras coisas, é a correlação politica para fazer a mudança.” diz o economista.
Por Caroline Menezes