Funk: voz de protesto ou vulgaridade?

O funk é hoje uma das maiores manifestações culturais de massa do Brasil e está diretamente atrelado à realidade da juventude nas periferias e favelas. Apesar de ser bem popular em quase todo tipo de festa, o funk sofre muito preconceito.

As letras não se resumem a sexo, existem muitos funks que abordam temas de protesto e retratam a realidade da favela. “Só que esse tipo de funk não chega aos ouvidos do pessoal nobre, as meninas ricas acabam ouvindo só ‘putaria’ porque, no fundo, o que todo mundo quer é ouvir ‘putaria’ mesmo, mas ninguém assume”, afirma DJ Pigmeu, parte da equipe de shows de Mr Catra.

O funk promove algo raro atualmente que é a aproximação entre classes sociais diferentes. “Todo mundo reclama do cara ouvindo funk sem fone de ouvido dentro do ônibus de manhã, mas quando toca no final da balada não tem um que não desce até o chão. É música para dançar”, diz Fernando Moraes Canabarra que trabalha como DJ em diversas casas de Campinas, “Tudo bem que muitas músicas possuem letras sexistas e depreciativas, mas isso não as diferencia muito da música Pop americana, a diferença é que o pop é em inglês, os dois estilos possuem batidas manjadas e letra que gruda”, continua Fernando após comentar que sempre deixa funk no final de sua “playlist”.

Na São Remo

O baile funk da comunidade brota quase todo sábado na Rua Cipotânea. O evento atrai muitos moradores e visitantes, a aceitação da cultura funk na comunidade se concentra mais no público jovem, mesmo assim muitos o criticam.

Luiza Soares, 53 anos, diz achar um absurdo os jovens gostarem desse tipo de música tão vulgar e diz que  ela e suas duas filhas não ouvem, “Esse baile é uma barulheira, só isso”, diz Luiza.  Carol e Geisy, ambas 15 anos, adoram ouvir funk. “Ouço bastante, mas não vou ao baile. É muito violento”, diz Carol. “É, você esbarra em alguém e pronto, já deu briga”, completa Geisy.

 

Por: Filipe Delia

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