“O Haiti não é uma guerra”

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Morador da São Remo integra Tropas de Paz da ONU no país

por Jéssica Stuque e Mayara Teixeira

Diego Pereira na missão do Exército Brasileiro no Haiti

Um jovem são remano recentemente esteve no Haiti. O país mais pobre das Américas foi atingido por terremotos, que agravaram o quadro social já preocupante. A região possui mais de nove milhões de habitantes, dos quais 80% vivem abaixo da linha da pobreza. Desde 2004, forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) atuam no país, contando com o auxílio de tropas brasileiras.
Diego Pereira, de 22 anos, foi um dos integrantes dessas tropas. Quando se alistou em 2006, tinha interesse pelo serviço militar, mas hoje – após quatro anos de serviço e mais três pela frente – não sabe se é essa a carreira que pretende seguir.

A experiência

Diego esteve em Porto Príncipe, capital do Haiti, no período entre 2 de julho de 2009 e 24 de janeiro deste ano, portanto estava no país quando ocorreu o abalo sísmico que tanto desolou a população. Atuando como motorista do Exército Brasileiro, o são remano presenciou ações de resgate: “Eram cerca de 15 pessoas num local que era um supermercado. Eu era motorista, não retirava as pessoas dos escombros, mas as levava para o atendimento”, diz sobre um dos salvamentos em conjunto com as tropas norteamericanas.
O processo de seleção para integrar as tropas é concorrido. Há treinamentos físico e psicológico para os soldados selecionados, realizado seis meses antes da partida. “É difícil conviver com a realidade de um país devastado. Tinha gente pedindo água e, no Brasil, nós gastamos água a rodo. Lá você aprende a dar valor.”
O Brasil tem sido parceiro dos EUA e do governo haitiano no exercício militar. “A gente foi por ordem em um país em desordem.” Depois de sua experiência na região, Diego afirma estar disposto a retornar ao país se a oportunidade surgir.

Entenda o processo de alistamento

O período de alistamento militar vai até 30 de abril e é obrigatório para homens que completarão 18 anos em 2010, mesmo que morem fora do país. O processo é feito na Junta de Serviço Militar mais próxima de sua residência. Para quem não se alistar, estão vetadas a participação em concursos públicos, a retirada de passaporte e a contratação como funcionário público. Além disso, o infrator é submetido ao pagamento de uma multa.

As etapas da seleção

Após o alistamento, os inscritos recebem um certificado com a data em que devem se apresentar para a seleção, que geralmente acontece entre julho e outubro. Grande parte dos alistados é dispensada meses antes; os que permanecem no processo são submetidos a exames físico, cultural, psicológico e moral. Feitas todas as avaliações necessárias, mais inscritos são liberados. Depois de seis meses, acontece a seleção final com novos exames e, finalmente, a escolha daqueles com perfis adequados ao Exército.

O que levar

A documentação exigida é a certidão de nascimento, CPF, RG e uma foto recente tamanho 3 x 4. O serviço prestado pelos Órgãos de Serviço Militar é totalmente gratuito aos brasileiros, com exceção da Taxa Militar e da Multa Militar (quando o Alistamento Militar ocorrer fora do prazo previsto), as quais devem ser recolhidas em qualquer agência do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal ou Correios. Mais informações no site da prefeitura ou pelo telefone: 156.

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