Subprefeito fala de atuação limitada na SR
Luiz Felippe de Moraes Neto é o novo subprefeito do Butantã, área à qual o Jardim São Remo pertence. Arquiteto de carreira na Prefeitura, ele recebeu a equipe do NJSR para conversar sobre a comunidade e suas expectativas de governo.
NJSR – O poder público trabalha para atender à população paulistana. Até que ponto a subprefeitura pode agir de forma direta e autônoma no Jardim São Remo?
LFMN – A subprefeitura interfere em terras públicas ou particulares do município. A São Remo não está em área nem municipal, nem particular. Ela é parte de uma área pública estadual e está dentro da USP. Isso restringe nossa atuação. Há uma faixa da comunidade, próxima à Corifeu, que é propriedade particular. Ali podemos agir. Em outros locais, porém, só podemos interferir depois de entrar em acordo com o governador e com a USP. Trabalhamos bastante e muito bem em conjunto, mas a subprefeitura sozinha tem limitações.
NJSR – Sobre a questão do lixo, como a subprefeitura pode intervir?
LFMN – Implementamos caçambas de lixo. O trecho onde elas estão é particular. Dali para cima, não podemos mais colocar. A empresa coletora tem funcionários que recolhem o lixo nas ruas de cima o trazem para baixo.
NJSR – A falta de regularidade das coletas de lixo já prejudicou bastante a comunidade. A situação melhorou. Isso seria reflexo de uma pressão da subprefeitura sobre a empresa coletora?
LFMN – Na área da São Remo, somos nós que fiscalizamos o contrato de limpeza pública. Desde a mudança de governo, já tivemos cinco reuniões com os responsáveis pela coleta de lixo e pela varrição de ruas. A coleta deve ocorrer até quatro horas depois da varrição. Se isso não acontece, a empresa recebe notificações e pode até ser multada. As comunidades foram prioridade, nas duas primeiras reuniões tratamos especificamente de melhorar a coleta dentro delas.
NJSR – O senhor é arquiteto e já trabalhou com urbanização de favelas. Como encara o assunto? Há planos para urbanizar a São Remo?
LFMN – Os moradores receiam ser realocados em bairros distantes. Não há hoje um plano para a urbanização do Jardim São Remo. Isso exigiria que a subprefeitura e a USP trabalhassem em parceria na realização do projeto, o que ainda não aconteceu. Entretanto, não há motivo para hesitação caso isso ocorra. Ninguém mais é mandado para longe durante a realocação. As obras são feitas em áreas pequenas, chamadas “pulmões”, de onde os moradores são retirados e colocados nas vizinhanças. Não tem outro jeito senão urbanizar. É preciso melhorar a vida do cidadão. São diretos básicos da cidadania: possuir carteira de identidade, de trabalho e ter um endereço com nome de rua e número.
NJSR – Há muito projetos sociais dentro da comunidade, mas as creches voltadas à crianças mais novas, ainda não existem. Quais são os planos quanto a isso?
LFMN – A responsabilidade de suprir o bairro de escolas e creches é do estado de São Paulo. A alternativa seria, novamente, uma parceria entre prefeito e governador, em que uma área desse terreno estadual fosse entregue para a construção de uma creche.
NJSR – A mobilidade de pessoas, automóveis e serviços pode ser comprometida por carros estacionados irregularmente. O que a subprefeitura pode fazer?
LFMN – Nisso a prefeitura pode interferir até dentro da comunidade. Acompanhados do CET, podemos punir e até retirar carros, coisa que inclusive já fizemos.
NJSR – Por fim, quais são seus principais projetos e expectativas durante seu mandato?
LFMN – O Butantã é um lugar muito agradável de viver, mas tem sérios problemas de mobilidade. Só dá para andar no sentido Leste-Oeste no bairro; sem ligações fluidas no sentido Norte-Sul. Seriam, então, três prioridades: a mobilidade; o aumento de equipamentos públicos (escolas, creches, postos de saúde e espaços de lazer); e a drenagem urbana para resolver o problema tão comum das enchentes.