Depressão: mal que tem tratamento

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Confundida com tristeza, a doença demora ser identificada por quem sofre dela

Os casos de depressão têm au­mentado na São Remo. O Centro de Saúde-Escola da Faculdade de Medicina da USP providencia psiquiatras, terapeutas, psicólo­gos e estudantes de Psicologia da Universidade para auxiliar no tratamento. A depressão, no entanto, é uma doença mais gra­ve do que pode parecer e de difí­cil identificação por parte do pa­ciente. Ainda há muito o que se esclarecer sobre ela dentro e fora da comunidade.

Primeiramente, como identifi­car quem sofre da doença? A tris­teza não é depressão, embora seja um sintoma dela. Todos se sentem tristes frente a situações complica­das: brigas, problemas financeiros etc. Só se nota que a tristeza atin­giu um estado de doença quando passa a interferir na vida do pa­ciente, em sua relação com o tra­balho e com as demais pessoas. Outros sintomas constantes são a perda de prazer ao realizar tarefas rotineiras, perda ou aumento do sono e apetite, sensação de inuti­lidade consigo próprio e irritação.

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Depressão no Brasil: para cada homem com depressão, há duas mulheres que sofrem com a mesma doença.

Na São Remo, os casos mais frequentes são causados pela per­da de entes queridos, depressão pós-parto e divórcio. A procura de tratamento é feita majoritaria­mente por mulheres; com pouca busca de homens, pois eles comu­mente procuram fugas como o al­coolismo. Quem é vítima de de­pressão dificilmente é o primeiro a perceber; por isso a suspeita vem de familiares ou pessoas que convivem com ele.

Há doze agentes de saúde na comunidade. Cada um é respon­sável, em média, por cadastrar duzentas famílias, suas casas e a situação de saúde de cada mo­rador. A partir desses formulá­rios, os agentes fazem uma ficha do domicílio e outra individu­al para serem arquivadas e deci­direm os casos a serem aprofun­dados. Quando a suspeita de um quadro de depressão é confirma­da, deve-se chamar um profissio­nal e nunca recorrer à automedi­cação. O Centro de Saúde-Escola reaplica novos formulários ao pa­ciente para saber se ele já foi inter­nado, se já procurou tratamento, se recebe ajuda de amigos, fami­liares etc. A seguir, visitas e con­sultas são agendadas e o caso é encaminhado para a Supervisão de Saúde Mental, sempre com o consentimento da própria pessoa.

O tratamento do paciente de­pressivo é de longo prazo. A me­lhora é contínua e progressiva, mas o risco de recaída é alto mes­mo depois de exames com espe­cialistas, do uso de medicamentos e da alta médica. Por isso, as visi­tas às pessoas são constantes e a medicação só pode ser interrom­pida com indicação.

A ideia que se tem da doença hoje, felizmente, está mudando. Enfrentando-a com a seriedade e aceitando a ajuda médica, a popu­lação desconstrói seu preconceito com relação a males psicológicos. Dessa maneira, o paciente que so­fre de depressão conta com cada vez mais apoio em sua luta.

Por Rafael Bahia Felizatte e Bruna Larotonda

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