Novo plano anti-drogas
O governo de São Paulo lançou o “Cartão Recomeço” como parte da política pública de combate às drogas. A iniciativa visa atender cerca de 3 mil dependentes químicos em 11 cidades do estado e, por meio do cartão, repassar a clínicas particulares R$ 1350 mensais para cada usuário que aceitar submeter-se ao tratamento voluntariamente.
A medida chamada pejorativamente de “bolsa crack” atenderá apenas maiores de idade, pois o Estatuto da Criança e do Adolescente não permite que estes sejam internados junto a adultos. A Secretaria de Desenvolvimento Social afirma que o Estado já gasta R$ 900 mil com aproximadamente 2 mil adolescentes e os valores com o novo cartão devem atingir R$ 4 milhões/mês.
As clínicas que participarão do programa foram selecionadas segundo critérios como estrutura, formas de tratamento e localização geográfica. A internação pode durar, no máximo, seis meses.
Legislação – Segundo o mestrando Ivan de Franco, a lei aplicável aos dependentes não é específica. Logo, a análise para a internação compulsória é feita, caso a caso, por um juiz. Em entrevista concedida ao NJSR, a Clínica Grand House explicou que seu tratamento dura quatro meses e começa com um estudo de caso para compreender o paciente. Dentro da clínica, os remédios são utilizados para amenizar os efeitos da abstinência, na tentativa de estabelecer horários e uma rotina.
Porém, há muitos críticos ao tratamento que se procede em algumas comunidades terapêuticas que privam o paciente do convívio social. Geraldo Peixoto é militante da luta antimanicomial e já teve seu filho internado em um hospital psiquiátrico. Ao conhecer a realidade, optou por retirá-lo do local e tratá-lo em um Centro de Atenção Psicossocial. Ele afirma: “As clínicas funcionam da mesma maneira que um hospital psiquiátrico, pois prendem as pessoas e as sedam, criando uma espécie de ‘camisa de força química’. Esse programa significa a privatização do sistema público de saúde”.
Por Breno França e Thaís do Vale Foto: Igor Truz