Prisões químicas e concretas

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Não é segredo de nenhum paulistano o fato de que hoje a questão das drogas é um ponto complicado na vida da cidade. O número de dependentes químicos tem crescido rapidamente. O aumento da quantidade de jovens usuários também assusta. Sem saber como agir, as autoridades propõem a internação como única forma de tratamento. O “Programa Recomeço”, criado pelo governo do estado, é mais um exemplo do incentivo à internação compulsória.

Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos: “toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie”. O dependente químico antes de tudo, é alguém que necessita de apoio familiar e social. “Acorrentá-lo” a uma clínica apenas prejudica sua reinserção na sociedade e dificulta o tratamento.

Em seu conto “Um convite à liberdade”, a poeta Cecília Meireles sintetiza o desejo de todos aqueles que estão presos; impossibilitados de viver plenamente: “Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatoriamente entre quatro paredes” – Este é o mesmo anseio de todos os usuários que buscam tratamento. Querem ser livres, não só das drogas, mas também das prisões impostas a eles.

Por Gabriel Lellis

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