Projeto da SMC facilita acesso à cultura

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Coordenador do núcleo de fomento à cidadania da Secretaria Municipal da Cultura (SMC), Gil Marçal é um dos organizadores do VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), programa de incentivo ao surgimento de artistas nas áreas periféricas da cidade.

NJSR – Quais dificuldades o governo enfrenta ao criar projetos de ampliação do acesso à cultura?
Gil – O Secretário da Cultura, Juca Ferreira, afirma que os governos e o próprio Estado brasileiro não estão acostumados a dialogarem com as comunidades carentes. Dialogar com a sociedade sobre suas demandas concretas é um desafio aos gestores das diversas políticas sociais.
Outro aspecto é a complexidade da burocracia existente para ter acesso aos programas. Não habituada com procedimentos burocráticos, a população encontra dificuldades para acessar as políticas de estado. Logo, é preciso conhecer as necessidades das comunidades e “desburocratizar” os caminhos de acesso aos programas de estímulo à cultura.

Reclama-se da elitização da cultura, que fica concentrada em determinadas áreas da cidade. O que deve ser feito para estender esse universo cultural a todas as parcelas da população?
Criamos, recentemente, o Núcleo de fomentos de cidadania e cultura, cujo objetivo é a aproximação entre sociedade e arte. É interessante pensar nesse conceito de cidadania, pois entendemos a cultura como um direito de toda a população, independentemente das camadas sociais.
Atualmente, temos o programa VAI, uma política formatada e aprovada como lei ainda na gestão de Marta Suplicy, em 2003. Sua ideia é fomentar, por meio de apoio financeiro que varia em torno de vinte e cinco mil reais, as iniciativas culturais da periferia, principalmente as do público jovem e de grupos ou coletivos de artistas.
Existe cultura na periferia e ela precisa ser valorizada. Muitas vezes, essas ações culturais são desenvolvidas por grupos de jovens e, normalmente, não têm apoio da iniciativa privada e nem da pública. Esperamos que esse apoio cultural mude a imagem de São Paulo e sua relação com os cidadãos.

Quanto do orçamento para cultura do município é destinado à Virada Cultural e como esse evento consegue trazer mais investimentos para a cultura na cidade?
A Virada deste ano custou cerca de 10 milhões de reais. A estimativa de público equivale a cerca de 4 milhões de pessoas. Trata-se de um evento bastante barato, tendo em vista seu tamanho e sua grande abrangência de público.
O principal sentido do evento é a ocupação do espaço urbano. Ocorre um encontro entre as mais diferentes classes sociais em um mesmo território. Contudo, é muito importante a secretaria expandir os investimentos para todas as regiões da cidade.
A Virada não pode ser o único grande evento de massa realizado por nós. Uma das ideias previstas é a produção de festas juninas no centro e outros territórios.

Anualmente, quantos projetos são enviados para o VAI?
Neste ano, houve 935 projetos inscritos no VAI. Destes, 175 foram selecionado para receber o apoio, pois há um limite de recursos. Para o orçamento do ano que vem, nossa meta é aumentar o número de projetos beneficiados.

Por Gabriel Lellis e Pedro Passos

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