Manifestação no centro para São Paulo

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Polícia reprime manifestantes que protestavam contra o preço e a qualidade do transporte público

Tropa de Choque entrou em conflito com manifestantes. Mais de 200 pessoas foram presas

Tropa de Choque entrou em conflito com manifestantes. Mais de 200 pessoas foram presas

Milhares de manifestantes têm ido às ruas de São Paulo contra o recente aumento na tarifa de ônibus e metrô, que passou de R$3,00 para R$3,20. Organizadas principalmente pelo Movimento Passe Livre, as manifestações têm sido intensamente criticadas por governantes, pela mídia e pela polícia.
Em meio à passeata, uma minoria agiu de forma agressiva, destruindo ônibus e entradas de metrô; a polícia, usando esses casos isolados como se fossem justificativas, tomou a todos como alvos, usando cacetetes,  balas de borracha e gás lacrimogêneo. Dessa maneira, o direito do cidadão de se manifestar ficou relativizado, e as atitudes de vandalismo se sobressaíram nos grandes veículos de comunicação em relação à multidão pacífica, que somava mais de 10 mil pessoas.
Com um número crescente de manifestantes, criticava-se o aumento da passagem  não só pelo valor de R$0,20, mas pelo fato de ele não ser revertido para a melhoria dos transportes. Além disso, o portal Terra publicou um gráfico, baseado em dados do IBGE, que contraria o que disse o governador Geraldo Alckmin: as tarifas subiram, sim, acima da inflação, considerando a taxa de 1994 até 2013. A passagem de ônibus deveria custar R$2,16 e a do metrô, R$ 2,59.
A posição dos moradores
Os embates, amplamente divulgados pela imprensa, têm gerado discordâncias entre a população. Para Renata, caixa de um supermercado na São Remo, “a mídia manipula e divide a população”.
Na comunidade, a maior parte dos entrevistados é contra o acréscimo do preço do transporte público. Para uma moradora, “se o salário não sobe, então não pode aumentar [a tarifa]”. Contudo, a forma como os protestos vêm se desenrolando não agrada à maioria. “Participei de muitas manifestações, não era assim. Essa é ‘badernagem’”, disse José Carlos de Oliveira, ex-sindicalista. Afirmou ainda que aglomerações na região da Avenida Paulista são prejudiciais, devido à grande concentração de hospitais, que necessitam de facilidade de acesso e relativo silêncio. Para Vanderlei de Souza, protesto é “muita politicagem, mais do que a reivindicação”.
Existem, porém, opiniões mais radicais, tanto contra quanto a favor. Antônio Batista, por exemplo, acredita que vinte centavos é pouco para que haja tamanho protesto. Já para o morador Guilherme, “tem que parar tudo porque não tem transporte de qualidade”.
Os entrevistados em geral condenaram o uso exagerado da força por parte dos policiais contra os manifestantes. Para muitos, suas atitudes demonstraram despreparo e a situação poderia ter sido amenizada se os oficiais tivessem agido mais pacificamente. “A polícia devia se juntar com a gente contra a alta da passagem”, afirmou uma moradora. Para Santina da Rocha, o mais absurdo são as agressões contra repórteres: “O jornalista está fazendo aquilo para informar a população”.

Por Ana Carolina Leonardi e Thaís do Vale

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