Reprovação nas escolas
Prefeitura acaba com sistema de aprovação automática
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), anunciou em agosto um plano que reestrutura vários pontos do ensino fundamental das escolas municipais, válido a partir de 2014. Dentre eles, o projeto torna obrigatórias as provas bimestrais e as lições de casa, reinstitui conceitos como avaliação com notas de zero a dez e a possibilidade de repetência em cinco dos nove anos (3º, 6º, 7º, 8º e 9º). Hoje, só os alunos do 5º e do 9º ano podem ser reprovados. Mas para evitar que os alunos sejam retidos, haverá aumento de recuperações e criação de dependências (possibilidade de o aluno carregar uma matéria do ano anterior).
Os seus apoiadores – como a maioria dos são remanos – defendem que só a possibilidade de ser reprovado pode tirar os alunos da comodidade a que estão acostumados no regime de aprovação automática. Segundo Alexandre de Sá, educador social do Circo Escola, o plano irá criar responsabilidade nas crianças, que hoje só precisam frequentar as aulas para serem aprovadas.
A medida vem dividindo opiniões. Os contrários à reprovação argumentam que ela faz com que os repetentes larguem a escola e isso piora o desempenho dos alunos.
A cobrança vem de dentro de casa
Ao se mostrarem contra a aprovação automática, muitas pessoas afirmaram que é essencial para o aprendizado dos alunos o estímulo dos pais. Na escola muitos ficam “relaxados”, então é de dentro de casa que parte uma maior pressão e fiscalização.
Maria da Conceição, que tem um filho de 7 e um de 11 anos, afirmou que o aprendizado das crianças “depende dos pais incentivarem”. Segundo ela, é necessário cobrar e “ficar em cima” para garantir que façam os deveres e, mesmo quando já terminaram esses, estimular a ler livros, gibis, escrever histórias, entre outras atividades que sejam educativas e possam complementar o aprendizado.
Ericson Magnavita, cujas duas filhas estudam em escola pública, também tem essa postura e afirma que se suas filhas estão bem na escola é porque eles garantem isso dentro de casa. Lenice Marcelino, mãe de um menino de 13 anos, afirma que a cobrança dentro das escolas é muito pequena. Para ela, “o que os filhos sabem é por exigência dos pais”.
(Desenho: João Cesar Diaz)
Bianca Caballero e Sérgio de Oliveira