A liberdade feminina veio em pílulas
O médico e apresentador Jairo Bouer conversa sobre contracepção e responsabilidades
Felipe Poroger
Mariana Payno Gomes
Criada em 1960, nos Estados Unidos, a pílula anticoncepcional está completando 50 anos. Além de ser um dos métodos mais eficazes para evitar a gravidez, ela faz parte de uma revolução na mentalidade da década de 60, que mudou a situação das mulheres na nossa sociedade.
O NJSR conversou com o médico e apresentador de televisão Jairo Bouer, que falou sobre o papel social da pílula para as mulheres, além de esclarecer algumas das dúvidas mais comuns quanto a esse método contraceptivo, cuja utilização exige alguns cuidados.
NJSR: Como a invenção da pílula acabou por influenciar a vida social das mulheres?
Jairo Bouer: Ela revolucionou a vida da mulher moderna, que passou a exercer um controle sobre a sua sexualidade. Isso significa que agora ela poderia fazer sexo, decidindo quando gostaria de engravidar. Isso mudou toda a relação entre homens e mulheres nos anos 60 e, ainda, quebrou uma das peças centrais que sustentavam o machismo e o poder masculino.
NJSR: Com o surgimento da pílula anticoncepcional, a responsabilidade pelos métodos contraceptivos caiu sobre as mulheres? Os homens ficaram mais livres dessa responsabilidade?
JB: De certa forma, sim: a responsabilidade ficou mais com as mulheres. Porém, elas ganharam autonomia e poder de decisão.
NJSR: Qual o papel da pílula, atualmente, com relação à sexualidade dos jovens?
JB: Tirando o preservativo, é o método mais comum de prevenção de gravidez entre os jovens.
NJSR: Quais são as consequências da má instrução sobre o uso da pílula para a saúde pública?
JB: As pessoas usam mal ou não usam da forma correta e acabam se expondo ao risco de gravidez. É importante que se use de forma correta; caso contrário, a proteção não está garantida.
NJSR: A pílula do dia seguinte tem sido alvo de polêmica. Ela pode ser considerada um método abortivo?
JB: Ela tem diversos mecanismos de ação. Um deles seria dificultar a implantação do ovo fecundando no útero. Mas não se considera esse método abortivo, já que, por exemplo, o aborto legal não é permitido e a venda da pílula do dia seguinte está autorizada.
Chega de Dúvida
A pílula substitui a camisinha?
Não, já que não protege contra DSTs.
A pílula faz mal à saúde?
Em geral, não. Mas mulheres com algumas doenças devem evitá-la. Além disso, pode causar efeitos colaterais.
Há o risco de ficar estéril tomando pílula?
Não, isso não acontece.
Quais suas outras funções?
Regulação hormonal, diminuição de sintomas da TPM, redução da menstruação e controle
de ovários policísticos.
ERRATAS: O HU-USP, desde a sua inauguração, assiste gestantes e parturientes da comunidade do Butantã, além de alunos, docentes e funcionários da USP.
Logo após seu nascimento o bebê recebe, via oral, algumas gotas de vitamina K.
Se a mulher deseja doar seu leite, deve entrar em contato com o Banco de Leite Humano. Tel: 3091-9210 – seg. a sex. das 8h às 16h