Um tipo de câncer que pode ser evitado
Muitas mulheres desconhecem as causas e como se previnir desta doença no colo do útero
O câncer cervical, mais conhecido como de colo do útero é uma grande ameaça à saúde feminina. Depois do câncer de mama, ele é o segundo mais frequente em mulheres no Brasil, segundo dados disponibilizados pelo do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
A principal causa dessa doença é a infecção pelo vírus HPV (papilomavírus humano), transmitido por contato sexual. Ele é muito frequente e some espontaneamente na maioria das vezes. No entanto, se a infecção persistir, pode causar lesões – principalmente no colo do útero. Se não forem identificadas e tratadas, essas lesões (chamadas de precursoras) podem evoluir para o câncer. Por isso, vale lembrar que é essencial o uso de preservativo, pois ele ainda é o meio mais eficaz de evitar o aparecimento do vírus HPV, que pode trazer outras complicações além da doença.
A evolução do câncer do colo do útero é bem lenta, demora de 5 a 10 anos para se desenvolver do primeiro estágio até o mais grave. Por isso, fazer o exame preventivo de Papanicolau é importante para detectar a doença em seu estágio inicial. Trata-se de um procedimento simples que consiste na coleta de material do colo do útero com uma “colher de raspagem” e permite identificar lesões antes que elas se tornem um câncer, aumentando assim as chances de cura. Caso alterações anormais forem identificadas, o colo do útero é examinado através da decolposcopia, um exame que consiste em retirar cirurgicamente um pequeno pedaço do tecido uterino e mandá-lo para uma análise mais precisa.
A mulher deve fazer o exame de Papanicolau assim que inicia sua vida sexual ou, se não teve relações sexuais, a partir dos 20 anos de idade. Os dois primeiros exames devem ser feitos com intervalo de um ano. Se os resultados desses exames forem normais ele passa a ser feito a cada três anos. O exame está disponível em clínicas particulares e em todas as unidades do SUS do Brasil.
São remanas comentam
Muitas moradoras da São Remo, porém, não passam pelos exames periódicos com frequência. Enquanto algumas afirmam não o fazerem por descuido, outras dizem não ter oportunidade para realizá-lo. “Não consigo marcar no posto”, afirma Viviane da Cruz Cardoso, de 21 anos. Segundo ela, há um grande número de mulheres na comunidade que se esforçam para fazer o agendamento do exame, mas não conseguem atendimento no Centro de Saúde Escola Samuel Pessoa (conhecido como posto do Butantã), que é o mais próximo de suas residências.
Quando questionada sobre a demora para a realização do exame, Dulce Maria Senna, médica do posto do Butantã afirmou que isso tem acontecido porque o COREN (Conselho Regional de Enfermagem) definiu que a coleta de Papanicolau só pode ser realizada por enfermeiros. Antes, ela também era realizada por técnicos de enfermagem, por isso, mais profissionais contribuíam para a rapidez no atendimento. “Estamos tentando sanar a redução com o pedido de ampliação de mais três vagas para contrato de profissional enfermeiro, aguardamos resposta da USP”, diz Dulce.
A vacina contra o vírus HPV também pode ajudar a evitar o câncer de colo do útero. O problema dela, no entanto é a disponibilidade. É possível encontrá-la apenas em clínicas particulares e além disso, uma dose custa em média 500 reais. Esta prevenção deve ser feita com três doses. A previsão para a chegada dessa vacina no SUS é 2014, e o público-alvo dela serão meninas de 10 e 11 anos de idade. A intenção do programa é imunizá-las antes do início da vida sexual, para, assim, a eficácia contra o vírus ser maior.
Fique de olho
“40% das mulheres acham que os exames preventivos de rotina não são eficazes na prevenção à doença”
*Dado da Associação Brasileira de Patologia no Trato Genital Inferior e Colposcopia
Bruna Eduarda Brito