Cantada divide opiniões

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A posição de homens e mulheres varia entre assédio e elogio

Uma pesquisa publicada pelo site Olga em setembro de 2013, devido a campanha “Chega de Fiu Fiu”, contra o assédio sexual à mulheres em locais públicos, reabriu o debate sobre essa prática. Foram entrevistadas 7762 mulheres, que relataram onde já ouviram cantadas e como ocorreu esse processo. Os depoimentos são diversos, variando de casos de agressão física a adjetivos escutados nas ruas. O jornal Notícias do Jardim São Remo debateu com alguns moradores da comunidade sobre aspectos discutidos pela pesquisa e fez a 50 mulheres do local as mesmas perguntas realizadas pelo Olga. Entenda o que elas pensam sobre o assunto.
Das 50 mulheres entrevistadas na São Remo, 24 delas acreditam que receber cantadas é algo legal. Já 26 delas não gostam da prática. “É falta de respeito. Tanto os homens quanto as mulheres mais ousadas são responsáveis pelas cantadas. Quando passa uma menina mais bonita, eles mexem com aquele palavreado horrível: ‘gostosa’. Mas tem mulher que gosta” diz Adriana de Cássia Pereira. Quando abordados sobre cantadas, alguns moradores apresentaram outra opinião: “Depende da cantada. Tem mulher que gosta e mulher que não gosta. Mas que mulher não gosta de um elogio? Só tem que ser conveniente. Não passa de um elogio. A vida continua. Mas na balada é diferente. As pessoas estão lá para conhecer novas pessoas”, diz Peterson da Paixão Godoy.
Não são todas as mulheres que enxergam as cantadas como elogios. Algumas delas não deixam barato quando escutam algo que as faz sentir ofendidas. “Tava passando na rua e chupando um pirulito. Ai um homem falou: quero chupar o seu pirulito. Ai eu disse: ali é 25 centavos. Ele respondeu: não, quero o da sua boca”, diz Maria Eduarda da Silva. A jovem faz parte das 12 sãoremanas entrevistadas na comunidade que respondem às cantadas que escutam. As outras 38 não respondem, algumas por medo e outras por simplesmente não se importarem com a cantada. Quando perguntadas se já foram xingadas por dizerem “não” ou ignorarem as cantadas, 9 delas responderam que já passaram por situações como essas, onde foram agredidas verbalmente.

Fernanda Magalhães e Mariana Miranda

 

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