Sons da São Remo

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Aves e moradores compartilham espaços

Nenhum canto do Jardim São Remo escapa do canto dos passarinhos. Por toda comunidade, gaiolas se penduram pelos mais variados estabelecimentos e casas. Cada qual com seu pequenino habitante a ostentar penas com as mais variadas cores.
Os entrevistados do NSJR afirmaram que a São Remo é especial: “Acordo todos os dias com a cantoria deles, e olha que eu nem tenho nenhum aqui em casa” disse uma moradora. E ainda, segundo eles, ao serem perguntados sobre a origem desse costume no bairro, responderam sem hesitar: “Isso é coisa de nortista. Tinham muitos de onde vim. Aprendi com meu pai em Sergipe, Alagoas”.
Quando questionados de onde os passarinhos vêm, os que os criam explicam que, na sua maior parte, são apanhados por lá mesmo. “Tem que tomar cuidado para não catar os que estão em extinção pelo IBAMA, senão, além de perder os bichinhos, também pode se levar multa”, afirma um morador que não quis se identificar. Inclusive, em razão disso, o melhor, quando possível, para não se correr o risco de perder os papagaios e passarinhos de gaiola, é procurar registrá-los seguindo o “Cadastro de Criadores Amadoristas de Passeiformes ” registro oficial do IBAMA.

Dificuldades
A redação do NJSR, em princípio, teve dificuldade de conseguir informações dos entrevistados. Ressabiados, tinham medo de que talvez, ao dar a entrevista, fosse se dar meio para perder seus passarinhos. De início, estranho, mas de fácil compreensão, visto que, numa cidade como São Paulo, onde milhares de pessoas não têm acessos à cultura e lazer. As pessoas se apegam de tal forma a seus animais como uma maneira de abrandar a solidão e as preocupações cotidianas. Elas procuram algo que as ajudem a lidar com a violência do dia a dia, característico dos centros urbanos.
Registrar essa cena de integração com a natureza, embora esses animais estejam aprisionados, foi fruto de temor e de desconfiança. Entretanto, após troca de papo e esclarecimento do propósito da presença do jornal ali, os moradores sentiram-se mais à vontade para discorrer sobre seus animais de estimação.

João Cezar Dias

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