Debaixo dos lençóis: o comércio erótico

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Entre vestidos e artigos eróticos, Viviane Cruz tira seu sustento e se destaca na comunidade   

A loja Vivi Modas, de Viviane Cruz Cardoso, abriu há apenas dois meses e fica na Rua Aquianés, no Jardim São Remo. Entretanto, seus produtos já chamam atenção: além de roupas femininas, a loja também vende roupas íntimas e artigos eróticos.
Segundo ela, a ideia inicial era ter uma loja que fosse só um sex shop, mas depois decidiu vender mercadorias variadas. Mesmo assim, a maior parte das vendas da loja é de roupas íntimas e itens eróticos.

O empreendimento
Viviane começou trabalhando em lojas de roupa e de calçados como atendente. Na profissão de vendedora, encontrou a chance de trabalhar para si mesma e de estar junto ao público, o que sempre quis. “Meu sonho sempre foi trabalhar para mim mesma. Nunca gostei de trabalhar para ninguém.” e completa: “sempre trabalhei com público. Nossa, eu adorava. Eu me identificava muito, então eu pensei: eu preciso ter o meu próprio negócio”. Ela também diz que trabalhar como atendente a ajudou a ter experiência nesse mercado.
Depois, Viviane começou a vender roupas em sua casa. Fez economias suficientes junto com seu marido, Wagner Rodrigues Soares, e conseguiu abrir um negócio próprio na São Remo.
Segundo ela, a ajuda de Wagner foi essencial para a realização do seu sonho: “ele viu que eu queria muito abrir a loja e pediu as contas. Com o dinheiro que ele recebeu, eu abri a loja para mim. Ele via que eu queria tanto, e ele decidiu que me ajudaria”.

Viviane arruma seus manequins

Viviane arruma seus manequins

Problemas enfrentados
Mas como qualquer dono de um negócio próprio, Viviane também tem problemas. O maior deles é negociar com os clientes as formas de pagamento. Muitos pedem para comprar fiado, o que às vezes causa prejuízo para ela no final do mês.
Outra dificuldade enfrentada é não possuir máquina para passar cartão. Viviane afirma que já fez o pedido da máquina, mas a instalação ainda não foi feita.
Além disso, outra desvantagem é o salário depender do quanto se vende, e isso varia por mês.
Viviane ainda afirma ter sofrido preconceito por ser considerada muito nova para ter um negócio próprio – ela tem apenas 21 anos.
Outro motivo foi por querer investir todas suas economias em algo sem garantias de que daria certo. A demanda feminina tanto pela moda quanto pelo erotismo atraiu Viviane para o ramo.
Apesar de reconhecer as dificuldades, ela não pensa em desistir e completa: “mesmo assim esse é meu sonho, sempre foi”.

Filhos atrapalham a carreira?
Segundo uma pesquisa da companhia de recrutamento Catho, 53% das profissionais com filhos deixam o mercado de trabalho para se dedicar à criança. Destas, 18,6% não voltam ao trabalho.
Porém, para Viviane, o nascimento de sua filha foi um incentivo a mais para sua carreira: “me ajudou porque tudo o que eu dou para ela até hoje é devido ao meu trabalho. Foi um incentivo”.

Sex Shop

Os sucessos nas vendas da loja

Os sucessos nas vendas da loja

Viviane teve a ideia de vender produtos eróticos ao frequentar sex shops. Ela percebeu que esse tipo de item vendia muito. E garante: “eu tenho clientes que falam que o marido deixa de comprar o que for no final do mês, mas tem que ter o dinheiro das coisas que eles usam” – se referindo aos artigos eróticos.
Alguns deles ficam expostos na loja e outros são encomendados através de catálogos. Viviane optou por esse esquema pela grande quantidade de crianças frequentando a loja, e também porque a venda de produtos mais caros é mais segura se for feita sob encomenda. Entre os mais vendidos, estão as chamadas “bolinhas explosivas”, que servem como lubrificante vaginal, além de pomadas e vibradores.
Quando perguntada sobre o preconceito em relação a esse tipo de comércio, Viviane confirma: “tem pessoas que não gostam e ficam criticando”, e completou: “algumas pessoas nem conhecem, acho que é por isso que ainda existe preconceito”.
Ainda segundo Viviane, a loja é mais frequentada por mulheres do que por homens. Porém, independentemente disso, ela sempre procura deixar os clientes a vontade, explicando como utilizar os artigos e dando conselhos.
Ela também afirma que alguns clientes se sentem envergonhados na hora de comprá-los, mas outros, já têm costume: “Tenho cliente fiel aqui já, que sempre encomenda as coisas”.

Passe lá

Vivi Modas
R. Aquianés, 98 – Jd. São Remo
São Paulo – SP

Nina Turin

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