Portão não será fechado sem consenso

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Reuniões entre COCESP e são remanos decidirão quais providências deverão ser tomadas

Guilherme Bruniera
Gregório Nakamotome

A polêmica sobre o fechamento do portão da São Remo que dá acesso à USP retomou as conversas entre os moradores e os coordenadores do campus. Em reunião no dia 4  de maio, membros da COCESP (Coordenadoria do Campus da Capital) receberam membros da comunidade para esclarecerem a situação.

Segundo informações, a reitoria e outros setores da universidade estavam interessados em fechar permanentemente o portão de pedestres que se encontra ao lado do bar da Dona Eva. Na reunião, o coordenador da COCESP, prof. Antonio Massola, garantiu  “Não vamos fazer nada sem consultar vocês antes. As decisões não serão unilaterais”.

O abaixo-assinado, com 3560 assinaturas, organizado pela D. Eva não foi necessário. Ficou garantido que a USP não fechará o acesso sem antes entrar em um acordo com a comunidade.

O membro da assessoria do coordenador do campus, Eduardo Barbosa, vai mais além: “Nem chegamos a cogitar a hipótese de impedir a entrada por aquele portão. Não há nenhuma ação nesse sentido. O que podemos fazer é pensar num controle de horário, como fechá-lo de madrugada. Só que, mais uma vez, isso não será feito sem antes conversarmos”.

Discussões

O portão, que foi muitas vezes motivo de discórdia entre a São Remo e a USP (ver o box abaixo com um histórico do muro), dessa vez coloca-se como uma porta para um diálogo. Na mesma reunião, surgiram várias ideias de trabalho conjunto entre a universidade e a comunidade. O professor Massola disse estar interessado em todos os projetos que são desenvolvidos na SR e propôs uma maior articulação dessas atividades. “Ao se unificarem, as organizações conseguirão trabalhar melhor e trazer mais benefícios para a comunidade”.

Givanildo, membro da Associação de Moradores, concordou com o professor e complementou a proposta: “Além de unificar os projetos sociais, falta também uma maior atuação das faculdades da USP”. Ele sugere que a comunidade uspiana atue mais na São Remo, por exemplo, por meio dos projetos de extensão. Com isso, tentaria-se resolver outros tipos de problema, como a violência. Ele finaliza: “É preciso uma forma de a USP ajudar a SR e de a SR ajudar a USP. Nós também somos parte da história da universidade”.

Para discurtir alguns projetos que a USP tem para a comunidade e debater outros temas, como os buracos dos muros, o coordenador do campus assumiu o compromisso de realizar reuniões mensais com parte dos moradores da comunidade. O próximo encontro ocorrerá no início de junho, na  COCESP.

HISTÓRICO

 A discussão em torno do acesso dos são remanos à USP não vem de hoje. Toda essa questão foi levantada juntamente com um muro, construído entre 1995 e 1997, que passou a separar o Jardim São Remo do Campus.

Erguido sobre o pretexto de controlar o número de transeuntes pela USP e, consequentemente, preservar os prédios e patrimônios da Universidade, o muro acabou restringindo o acesso dos são remanos à Cidade Universitária a dois portões – o do HU, e o portão de pedestres em frente ao bar da Dona Eva.

Em entrevista concedida ao NJSR, o prefeito do campus da USP na época, professor Gil da Costa Marques, afirmou que o muro deveria existir apenas como barreira física, como forma de se garantir a preservação das instituições da USP, e não deveria ter incitado algumas das hostilidades entre são remanos e a comunidade uspiana.

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