Misto de entusiasmo e insatisfação envolve a São Remo

A Copa do Mundo acontecerá entre 12 de junho e 13 de julho e tem gerado muita polêmica. Os altos gastos e os atrasos das obras provocaram insatisfação popular. Por outro lado, o sentimento de união e festa também está presente. Esse contraste de opiniões é igualmente percebido na comunidade. Diante disso, o jornal Notícias do Jardim São Remo procurou saber a posição dos moradores.

O comerciante José Cláudio diz ser a favor da Copa, mas acredita que o governo também deve dar atenção à saúde. “Não é o momento, existem outras prioridades, outras coisas que a população precisa”, afirma Loraine Viana, coordenadora do projeto Girassol. Ela também se mostra a favor das manifestações recentes, porém não apoia o vandalismo. “Se eu pudesse, eu participaria, mas tenho receio dos tumultos”.

Dona Maria, proprietária de um restaurante, é totalmente contra. Para ela, os gastos com a Copa deveriam ser usados com a população. “Muitas pessoas ainda passam fome no país e falta moradia”, declara. Ela relata problemas que alguns habitantes da comunidade enfrentam, como casas precárias na beira do rio e que estão em situação de risco. O dinheiro público utilizado no Mundial poderia ajudar em casos desse tipo.

Mas há também quem enxergue o evento com alegria. “Sabe por que eu sou a favor? Eu nasci em 1956. Vou morrer sem ver uma Copa no meu país?”, comenta Gérson Silva, um dos fundadores do campo de futebol da São Remo. No entanto, ele é cuidadoso em ressaltar que os problemas sociais deveriam ser priorizados antes. “Já que o Brasil foi escolhido, agora não tem o que fazer. Vamos ser campeões”. Para ele os brasileiros serão importantes no evento, “mesmo que eles joguem mal,  a seleção vai vencer por conta da torcida”. Já Rubens Santos discorda do colega: “sou contra por causa dos gastos. Você não vê o noticiário? Você não sabe como está a saúde? O dinheiro devia ir para o povo”.

Isabela Augusto, Matheus Pimentel e Thiago Castro