Jogadores da várzea não sofrem com racismo
Realidade nos gramados profissionais, o problema permanece distante dos amadores
Três casos de racismo ocorreram nos últimos meses no futebol brasileiro. As vítimas foram o árbitro Márcio Chagas da Silva e os volantes Tinga, do Cruzeiro, e Arouca, do
Santos. Para saber como tal questão é vista aos olhos da comunidade e do futebol amador, o NJSR entrevistou Renato, jogador do Catumbi F.C, e Alexandre Pereira, árbitro
auxiliar da Copa Kaiser.
Em partida válida pela Taça Libertadores da América, Tinga, volante do Cruzeiro, foi alvo de insultos racistas da torcida do Real Garcilaso, time peruano. A cada vez que o jogador tocava na bola, a torcida imitava sons e gestos de macacos. Arouca, volante do Santos, foi chamado de “macaco” por torcedores do Mogi Mirim, após partida do Campeonato Paulista. Márcio Chagas da Silva, árbitro do Campeonato Gaúcho, foi vítima de torcedores do Esportivo, que colocaram cascas de banana sobre seu carro e danificaram o veículo.
Os três casos já foram julgados, sendo que os três clubes foram punidos com multa; o Mogi Mirim teve seu estádio interditado, e o Esportivo perdeu mandos de campo.
Em entrevista ao NJSR, Renato, jogador do Catumbi, disse que o futebol amador não sofre com esse tipo de problema. “Na várzea a gente tem mais respeito, são times de comunidade”, diz ele. “Quem sofre mais é o juiz, né”, completou, se referindo aos insultos direcionados aos árbitros das partidas.
Essas ofensas não são de cunho racista, segundo o bandeira Alexandre Pereira. “A maior parte da torcida que comparece aos jogos de várzea é de pardos e negros.
Como vai haver racismo?”, diz ele. No entanto, caso ocorresse algum ato racista, ele afirma que seria possível denunciar. “Principalmente em campeonatos sérios como a Copa Kaiser”.
Com relação às punições aplicadas. Renato diz que a multa não é suficiente. “O dinheiro fala mais alto. Mas e o preconceito que o cara sofreu?”. Já para Alexandre Pereira, é um começo. “O importante é cumprir a pena. Começa-se pelas multas, podendo evoluir para o time jogar longe da sua torcida e até mesmo a exclusão de campeonatos”.
Juliana Fontoura