E se a política entrar em campo?
Como a Copa do Mundo de 2014 pode se tornar um evento político
“A Copa fora de campo nós já perdemos”. Essa ideia é comum àqueles que opinam acerca da Copa do Mundo FIFA que será realizada no Brasil. Mas a grande disputa, “fora de campo”, ainda está por vir.
O ano de 2014 não será marcado apenas pelo prestigiado evento esportivo realizado a cada quatro anos. Ocorrerá também a vigésima nona eleição presidencial do Brasil e engana-se quem pensa não existir relação entre esses dois eventos.
A Copa do Mundo é um projeto bancado e organizado pelo governo
do PT. A aprovação a respeito de sua realização no Brasil vem diminuindo gradualmente e o sucesso do evento é essencial para a boa imagem do partido e reeleição de Dilma como presidente da República.
Em entrevista coletiva dada em 2013, Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da seleção brasileira, deu a entender que futebol e política não se misturam. Porém, durante o regime militar, o governo transformou o tricampeonato mundial conquistado pela seleção brasileira na Copa do México de 1970 no maior símbolo do “desenvolvimento”promovido pelo regime. A ideia era fazer da conquista esportiva um mérito também dos militares.
Em ano de eleição, qual quer conquista nacional será pretexto para a realização de propaganda política, quanto mais um título mundial conquistado em casa, num país onde o futebol é uma paixão nacional.
A promessa do atual governo de realizar a “Copa das Copas” será posta em prática e as consequências negativas ou positivas poderão ter impacto nas eleições de outubro.
Em entrevista ao Notícias do Jardim São Remo, José Trajano afirmou que o desempenho da seleção no mundial irá refletir nos protestos em relação ao evento. Segundo o jornalista da ESPN, o clima de alegria pode ser substituído pela revolta e reflexão em relação à realização do evento caso a seleção brasileira tenha um desempenho aquém do esperado na Copa do Mundo.
Uma suposta vitória da seleção brasileira não trará boas escolas ou hospitais. Não acabará com a corrupção nem alimentará a boca de nenhum cidadão brasileiro. Mas que torcedor, ou melhor, eleitor se importa?
É o circo sem pão.
Leonardo Milano