Poeta conhecido na Zona Leste, Ni Brisant ressalta a importância dos saraus em São Paulo

Nivaldo Brito dos Santos, mais conhecido como Ni Brisant, é autor dos livros “Tratado sobre o coração das coisas ditas” e “Para Brisa”,
tendo participado também de cinco antologias. Baiano, há nove anos reside na Chácara do Santana e participa de diversos saraus pela periferia de São Paulo, indo a quatro ou cinco por semana.

Entre 24 de abril e 12 de maio, o autor participou da 40ª Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, na Argentina, que homenageou a cidade de São Paulo e contou com a participação de diversos poetas da periferia. “Participar da Feira foi uma experiência rica, cheia de encontros e descobertas. Mas foi, antes de tudo, uma conquista coletiva dos saraus”.

Ni Brisant começou a se interessar pela literatura quando percebeu que os livros lhe proporcionavam
experiências únicas. “Acho que o que me encantou na literatura foi essa sensação de ‘vida além’ da realidade”, afirma ele. Influenciado por autores como Carlos Drummond de Andrade, Eduardo Galeano, Guimarães Rosa e Clarice Lispector, ele afirma que seu objetivo como artista é “tirar as pessoas do lugar, provocar, mostrar que há vida na luta (e vice versa)”, mas que não ambiciona nada muito além disso.

Incentivando os moradores da periferia à participação nos saraus, ele diz pensar que as atividades neles desenvolvidas vão além da literatura e da arte. “Sarau não é lugar de gente perfeita; sarau é lugar de gente que tem algo a dizer. Conhecer essa cena (dos saraus) significa se apropriar de uma das mais belas manifestações artístico-culturais do nosso tempo”, completa.

Na São Remo, acontece sempre no último sábado do mês o “Sarau da Remo: Na voz, a vez!”, das 19h às 21h30. Organizados pelas irmãs Janete e Janeide, os saraus costumam ocorrer na Praça da Amizade, e representam uma grande oportunidade para os moradores se expressarem.

Juliana Fontoura