Brasil: campeão mundial de cesarianas
País faz muitas cesáreas, principalmente na rede privada, fugindo da recomendação da OMS
Segundo uma pesquisa realizada pela Fiocruz, o Brasil é o país que mais realiza cesarianas no mundo. Segundo o estudo, 52% das mulheres fazem este tipo de parto no país, e o índice sobe para 88% se for considerada apenas a rede privada de saúde.
Os índices são alarmantes. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que somente 15% dos partos sejam realizados por meio de procedimento cirúrgico. A cesariana expõe a mulher e o bebê a grandes riscos, e deve ser feita apenas em casos de real necessidade, como por exemplo, a desproporção do tamanho do bebê em relação à pelve, gestantes diabéticas, posição do bebê invertida e/ou dificuldade no trabalho de parto.
Os motivos para a alta porcentagem de cesarianas são muitos. As mulheres têm medo de sentir dor, e recorrem à intervenção cirúrgica. Muitas gestantes também consideram o parto normal como uma marginalização social, sendo a cesárea um direito “exclusivo para ricas”. Além disso, a classe médica é uma das principais culpadas. Parto normal requer muito tempo e um grande acompanhamento. O médico muitas vezes não pode gastar um dia inteiro com apenas uma gestante, sendo mais fácil agendar e fazer uma cirurgia rápida.
Mesmo aquelas que optam pelo parto normal também podem sair prejudicadas. Cris Diniz é uma doula, uma assistente de parto que informa, acolhe e dá apoio físico e emocional às mulheres, durante a gestação, no parto e no
pós-parte. Segundo ela, esse tipo de nascimento no Brasil tem muitos procedimentos de rotina que não são indicados pela OMS. Ela
conta que em muitos lugares há o que ela julga “um parto anormal”. Os médicos fazem intervenções desnecessárias, como a aplicação de ocitocina (para ajudar nas contrações, mas aumenta a dor), cortes grandes na vagina e até mesmo privar as mulheres de alimentação. Isso provoca um trauma grande na gestante, que não está preparada para esses tipos de procedimentos.
Entre escolher um parto cesárea ou normal, Cris recomenda o nascimento sem cirurgia. “O parto normal é muito mais seguro, e expõe a mulher a menos riscos” mas ela faz um alerta: “para evitar que a experiência do parto seja traumática, é fundamental a mulher conhecer bem o hospital e encher o médico de perguntas, para se preparar bem e conhecer os procedimentos, evitando intervenções desnecessárias. É importante não ter vergonha. Deve-se tirar o médico do pedestal. Afinal, é ele que está prestando um serviço”.
Se você, mulher grávida, foi vítima de violência obstétrica ou considerou algum procedimento médico inadequado, entre em contato com a ONG Artemis, pelo site http://artemis.org.br/. Eles têm parceria com a defensoria pública de São Paulo e poderão dar apoio judicial.
Conheça os riscos de uma cesariana
• Risco de infecção e hemorragia
• Maior tempo para a recuperação completa da mãe
• Possíveis partos prematuros
• Risco de problemas respiratórios para o bebê
• Altos índices de bebês na UTI
• Anestesia e medicamentos podem passar para o bebê
• Risco de morte para mãe e filho
• Chances de problemas em gestações futuras para a mãe
Thiago Castro