Clima de Copa chega atrasado à São Remo

Por

Às vésperas da competição, o NJSR foi conferir como está a preparação na comunidade

No Brasil, já é tradição: em época de Copa do Mundo, a festa se instaura. Ruas pintadas de verde amarelo, bandeiras nas casas, desenhos nas calçadas… E este ano, sendo nós, brasileiros, os anfitriões do Mundial, natural seria se esperar que a empolgação popular
fosse ainda maior; mas não é o que vem acontecendo.

O NJSR conversou com vários são remanos para saber como está a expectativa geral para a Copa. Várias ruas da comunidade já estão pintadas para a competição. Segundo a lojista Luísa, porém, a animação está muito menor se comparada a outras Copas. Ela afirma ter sido uma das primeiras a usar a decoração verde-amarela em seu estabelecimento: “Eu comecei aqui pra ver se o pessoal se animava”, diz. A falta de empolgação também se reflete no comércio local: a loja de Luísa oferece ampla variedade de camisetas do Brasil e artigos de torcida mas, a uma semana do primeiro jogo, as vendas ainda estão fracas.

De acordo com os moradores, essa apatia pode estar ligada às questões político-administrativas que envolvem o país e a organização do evento. O Brasil vem sendo palco de uma série de protestos desde junho do ano passado, com grande parte da população revoltada com os altos gastos do governo com a Copa. E, às vésperas da abertura, no próximo dia 12 de junho, as manifestações têm se intensificado. “A gente tá chateado com essas bagunças, greve, quebra-quebra”, diz o são remano Wilson dos Santos.

A falta de confiança na seleção, por outro lado, também pode ser uma causa do desânimo dos torcedores. O técnico escolhido para comandar a seleção em 2014, Mano Menezes, nunca chegou a agradar à torcida. Assim, Felipão substituiu Mano no fim de 2012
e levou o Brasil ao título da Copa das Confederações, dando mais esperança ao torcedor.

Além disso, a seleção canarinho também sofre com uma grande carência de ídolos. Neymar, atacante de 22 anos, é a maior estrela brasileira no ataque. Contudo, muitos são remanos acreditam que há muita pressão sobre o garoto, o que pode afetar seu desempenho. Seu Luís, por exemplo, se preocupa com a marcação dos adversários: “O Neymar joga muita bola. O moleque é novo, é bom, mas aí tem meia dúzia no encalço dele”.

Mas não só de Neymar vive o Brasil; jogadores como Hulk são a aposta de muitos moradores da comunidade, que também confiam nos zagueiros titulares, Thiago Silva e David Luiz. Alguns se lembraram, inclusive, de nomes como Kaká, Robinho e Ronaldinho Gaúcho, que ficaram fora da lista de Felipão.

Apesar de todos os problemas, os são-remanos estão, em geral, confiantes no favoritismo da seleção. Wilson dos Santos acha que o Brasil é favorito, e confia no time convocado: “Não vai ser fácil, mas com a torcida a favor, né?”, afirma Wilson.

Quando perguntados se pretendem assistir aos jogos do Brasil, todos os moradores abordados disseram que sim. Segundo eles, um telão sempre é colocado na rua, para que os vizinhos possam se juntar e fazer a festa. Os que não irão para as ruas pretendem assistir em casa, com a família, mas deixar de ver, nunca. Afinal, ainda com todas as contradições e problemas dessa Copa do Mundo no Brasil, futebol é futebol. E por aqui, Copa do Mundo é dia de festa, de alegria e de confraternização. É o que afirma o morador Gilson Andrade: “Se jogando lá fora já teve festa, por que quando é aqui não vai ter?”

Carolina Oliveira e Paula Mesquita

Comentários encerrados. Comente reportagens recentes.