São remanos boicotam Parada Gay

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Discordando das propostas atuais do evento, grupo da comunidade recusa ir à Av. Paulista

Rafael Carvalho

 

“A passeata virou um carnaval fora de época” – é assim que Giva­nildo dos Santos resume sua opi­nião sobre a Parada Gay de São Paulo, que reuniu no domingo dia 6 mais de 3 milhões de pessoas. Desde a primeira edição do evento, em 1997, moradores organizam-se para irem juntos à Av. Paulista.

Este ano, pela primeira vez, o grupo optou por não ir às ruas – pelo menos não às de São Paulo. Festa por festa, os são remanos re­solveram ficar no próprio ponto de encontro de onde partiam normal­mente, em frente ao mercado Rol­dão, mas garantem que se organi­zarão para ir às Paradas gay de Carapicuíba ou Osasco. Segundo eles, nessas cidades, o movimento GLBT ainda mantém suas postu­ras originais. A proposta de pres­são política não foi abafada pelo marketing das casas noturnas, grandes patrocinadoras da versão paulistana do evento.

A Parada hoje

O grupo já chegou a fretar um ônibus inteiro, mas de alguns anos para cá viu seu número de adep­tos diminuir. Os que continuavam indo à Parada consideram essa queda no interesse a conseqüên­cia de uma mudança na proposta do evento, que está cada vez mais voltado para o marketing e para o entretenimento, esquecendo seu caráter militante. “Não quero ir lá para ouvir palanquismo de políti­cos que não se preocupam de fato com a causa dos gays”, declara um dos participantes.

O boicote foi uma forma de criti­car o deslocamento dos reais objeti­vos e necessidades do público gay. Foi enviada, inclusive, uma carta-crítica à APOGLBT, responsável pela organização do evento. Um número pequeno de são remanos foi a Parada por conta própria.

Oscilando entre palanque e car­naval, a Parada Gay traz como tema uma questão importante, em­bora pouco discutida: as políticas públicas voltadas para os cidadãos homossexuais. . “A discussão sim, disso nós não podemos abrir mão”, conclui Givanildo, esperançoso.

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