Maria José abre seu bar e seu coração
Dona do Bar Coração conta um pouco de sua história, de seu trabalho e sobre a vida na SR
Mayara Teixeira
Não foi fácil encontrar nosso perfil. Três portas na cara. Procurávamos uma personalidade e não uma pessoa, mas aí entramos no “Coração”. Na Rua G, em frente à Viela 10, no Bar do Coração, estava sentada quase que escondida atrás de uma geladeira e segurando um lindo neném, Maria José, 52 anos, dona do estabelecimento.
Afirmou com ar de incerteza que há 32 anos está em São Paulo: “Sou de Alagoas e primeiro morei em São Domingos, mas aí surgiu um barraquinho na São Remo”. Veio com a família e diz com sorriso no rosto que adora viver na comunidade e nem pensa em voltar a sua terra natal.
Mulher de negócios
Mas uma mulher dona de bar? É! Maria José já teve outros bares, todos na São Remo mesmo, mas o “Coração” é que obteve sucesso. “É gostoso e divertido ter um bar”, afirma. O local recebe clientela predominantemente, para não dizer exclusivamente, masculina. Muitos vão jogar cartas, assistir a jogos de futebol ou mesmo só beber e conversar, e às vezes paquerar.
Foi trabalhando atrás do balcão que Maria José conheceu seu atual companheiro. Ele nasceu em Minas Gerais e sempre investia em elogios. Ela demorou para perceber, mas atualmente já estão juntos há mais ou menos sete meses.
Vida amorosa
Esse é seu terceiro companheiro, os outros dois maridos faleceram. Maria José é mãe cinco filhos e tem quatro netos, um deles é Fabrício, de quatro meses, que estava dormindo no colo da avó quando chegamos ao bar, mas nos surpreendeu ao abrir seus olhinhos espantados com a nossa presença.
Sobre os desafios de ser proprietária de um bar, Maria José afirma que existem dias em que não dá conta atrás do balcão, como sextas e sábados, em que o número de clientes aumenta bastante. Ocorrem também brigas e a necessidade de apartá-las, “dou meu jeito de acalmar os ânimos”, ela diz. A decoração do bar é corintiana, apesar de ela torcer para o time do São Paulo:“foram os clientes que pediram pra deixar aí”.
No fim da entrevista, na hora da foto, Maria José ria como criança, mas tentava se manter levemente séria na frente da lente. Sua preocupação era aparecer sem os óculos e não ficar com cara de brava, mas não precisava de nada disso, ela é a típica personalidade real e verdadeira, anônima dona de um grande coração.