Os desafios até a profissionalização

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A maioria das mulheres entrevistadas relata ter deixado de lado a formação profissional

Érika Yukari
As jovens da São Remo relatam dificuldades para fazer um curso superior. A falta de qualificação faz com que a maioria delas (85%) esteja ou desempregada ou em trabalhos não qualificados, conforme demonstra enquete feita pelo NJSR.
“Fazer a faculdade a gente quer, mas a gente não sabe como procurar”, afirma Priscila Eduardo de Rezende, preocupada com o seu futuro profissional.
O mais comum é a busca por empregos de baixo nível de especialização logo após ou antes do término do ensino médio. A falta de orientação e a pouca iniciativa por parte de jovens dificultam o desenvolvimento de uma carreira sólida.
A socióloga e militante da Marcha Mundial das Mulheres, Léa Marques, aponta também a chamada “dupla jornada de trabalho” como uma barreira. Isto porque, em nossa sociedade “o principal papel atribuído às mulheres ainda é o de cuidado com a família e com a casa”, diz Léa.
Segundo ela, por mais que as jovens tenham “vontade e garra para construir uma carreira, elas têm menos tempo para se qualificar. Acabam por procurar trabalhos que lhes permitam conciliar com as tarefas domésticas que lhes são atribuídas: trabalhos informais, em meio período, temporários, em domicílio”.
Apesar dessa urgente necessidade de conciliação, a socióloga acredita que a qualificação profissional é bastante importante “na medida em que significar uma possibilidade maior de construção de autonomia econômica para as mulheres”.

Visão das são remanas
A jovem moradora Dora Silva Lima, 23 anos, formada em administração de empresas, diz acreditar que esta situação “está relacionada à falta de referências que mostrem que a mudança é possível. Quando se tem pessoas próximas que mostram existir oportunidades além do local onde moramos e da realidade social e econômica em que estamos, as perspectivas aumentam”.
Elisabeth Gonçalves, atual colaboradora do Projeto Alavanca, entrou este ano no curso de Letras na FMU e pretende, depois, cursar pedagogia. Ela diz ter feito aulas preparatórias em um cursinho gratuito oferecido pelo projeto Alavanca, onde, posteriormente, começou a dar aulas de reforço para crianças.
Quando questionada sobre a faculdade, Elisabeth conta que está gostando muito e que não enfrenta dificuldades, graças à sua experiência no projeto.

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