Não falar “corretamente” está valendo?
Obra distribuída pelo governo apresenta fala popular como recurso da língua e gera polêmica
Mariana Grazini e Mariana Giovinazzo
A recente distribuição do livro “Por uma vida melhor”, parte do programa Educação de Jovens e Adultos, do Ministério da Educação e Cultura (MEC), gerou polêmicas quanto ao uso da língua portuguesa. Ao contrário de livros convencionais de gramática, que ensinam regras rígidas de português, a proposta é adequar a linguagem a cada situação.
A seção de debate retomou a discussão sobre o capítulo do livro e também sobre a existência do preconceito linguístico. No entanto, a maioria dos moradores da São Remo diz não conhecer o livro, nem a polêmica sobre ele.
Milton Lopes de Brito, estudante do Ensino Superior, teve de pesquisar o assunto na internet para saber do que se trata o livro. Ele diz: “[O capítulo do livro] não é certo, aqui mesmo muita gente fala errado”. Apesar de discordar do método utilizado pelo MEC, Milton confessa que existe discriminação com quem não segue as regras gramaticais.
Já Thaís de Lima, estudante do Ensino Médio, concorda que há variações da fala conforme a ocasião. Ela reconhece que nem sempre usa o português da maneira dita correta e conta que alguns professores de sua escola reprimem os erros que os alunos cometem em aula, envergonhando-os.
A única moradora entrevistada que conhecia o livro, disse não saber muitos detalhes sobre ele. Maria de Fátima Santos, cabeleireira, afirma: “Temos que sempre procurar falar certo. Mas, se não soubermos, temos que falar do jeito que conseguimos”.
Desde que nasceu, Andréia Silva mora na São Remo. “Os livros deveriam ter a linguagem que a gente usa no dia-a-dia”, disse.
O Português não é uma língua simples, além das regras de gramática, existem as diversidades regionais. Cada estado tem um vocabulário próprio que o identifica.