Opinião – Trava-línguas

Por
Junho de 2011
 
Henrique Balbi

Afirmar que a expressão “os livro” não está adequada é antes um problema social do que de gramática. Ao se julgar errada a maneira como um grupo fala, exclui-se desnecessariamente aqueles a que ele pertencem.

Os livros do MEC demonstram a variedade linguística, não ensinam a “falar errado”. Mostram como as pessoas não são objetos que não mudam nem estão sujeitos às transformações, boas e ruins, pelo tempo.

A língua é um organismo vivo. Se fosse possível voltar no tempo e visitar Portugal na época de Cabral e as navegações, pouco se entenderia do que falavam, mesmo os brasileiros do século XXI e os portugueses de quinhentos anos atrás tendo sido alfabetizados na mesma língua. Até no espaço familiar convivemos com diferenças, gírias e sotaques.

A cultura deve juntar as pessoas e criar um espaço de integração. A língua, fundamental para a cultura, não deveria portanto dividir a sociedade. Já não basta o preconceito que as pessoas sofrem por religião, etnia e opção sexual?

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