Subprefeito promete, mas SR desconfia

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Junho de 2011

Cadastramento de moradores e visita de autoridades renovam esperança no Riacho Doce

Renata Garcia Ferreira

Mais de três meses após os desabamentos no Riacho Doce, moradores voltam a construir barracos no local, demonstrando a falta de ação da prefeitura municipal.

O subprefeito Daniel Barbosa Rodrigueiro visitou a região, no dia 10 de junho, e mais uma vez prometeu a limpeza do riacho e o cadastramento das famílias para que possa encaminhá-las à Secretaria de Habitação.

A identificação e registro dos moradores foram feitos em 13 e 14 de junho durante o dia e muitas famílias não estavam no local. Segundo o assessor da Defesa Civil Osório de Oliveira, a equipe voltará ao Riacho Doce na segunda feira, dia 20. “Aqueles que trabalham e não podem estar presentes devem deixar seus dados com as lideranças da comunidade” informou Oliveira.

Rodrigueiro destacou a importância dos moradores apresentarem seus documentos durante esse processo e também no cadastramento. Estão sendo cadastradas, no momento, apenas famílias dos barracos de madeira que estão acima do riacho, “as [moradias] de alvenaria ficarão para um segundo momento” disse Oliveira.

Já a limpeza do córrego, no sábado posterior à visita, foi realizada apenas da cabeceira para cima por motivo de segurança.

Contudo, as promessas da subprefeitura são vistas com muita desconfiança pelos moradores. A afirmação “Até agora nada” da moradora Tatiane de Andrade resumia o descaso a que os prejudicados pelas chuvas eram submetidos. A situação no barraco da moradora é complicada: “[Ele] está caindo, pilastras de baixo já cederam. Eu tenho medo, [a gente] pisa, balança tudo, para colocar água no fogo tenho que ficar parada, senão cai tudo”.

No dia seguinte à visita do subprefeito, os moradores do Riacho Doce se reuniram com representantes da Associação de moradores para discutir a questão. A recusa à qualquer tipo de bolsa auxílio ou indenização foi unânime, pois se o morador for retirado da área de risco nessa situação, a subprefeitura não terá mais o compromisso com ele, mesmo sem ter encontrado uma solução.

Renata Cruz de Souza, assim como Tatiane, é uma das poucas pessoas que já moravam no Riacho Doce antes dos desabamentos e continuam lá. “Quem podia já foi embora”, afirma Renata, que não acredita que a questão será solucionada: “Nunca dão resposta, [a subprefeitura] enrola, enrola e não faz nada”.

Outro caso sem solução até o momento é o da moradora Nair Moreira Ricardo, que perdeu sua casa nos desabamentos de fevereiro e mora com seu filho, desde então, em um quarto na Associação de moradores. Agora, porém, ela terá que sair de lá, pois o local abrigará um consultório dentário. “Voltar mesmo [para o Riacho Doce] eu não queria, mas não tem opção”, desabafa a moradora que irá para um dos barracos que estão sendo reconstruídos.

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