Futebol e cidadania na comunidade
Outubro de 2011
Marcelo Marchetti
José Mariano de Santana nasceu em Pernambuco e, aos 9 anos, se mudou para a São Remo. Seu carinho pelas crianças e pelo futebol o levou a montar uma escolinha, que ensina também lições de cidadania: “Pra mim, o mais importante são as crianças”.
O projeto de Mariano, que atende cerca de 90 jovens entre 7 e 20 anos, recebe ajuda do Projeto Girassol, do vereador Aurélio Miguel e do HU com taxas de inscrição e arbitragem, material esportivo, transporte e lanches ao final dos treinos.
Como surgiu o projeto?
Surgiu oito anos atrás. Desde os 12 anos jogo futebol e via as crianças na rua, aí decidi montar a escolinha,
através de uma idéia do meu filho.
Como ele funciona?
O professor Maurício dá aula às terças de manhã. O HU me libera das 13h às 16h, toda quinta e sexta, pra treinar os meninos. O objetivo é tirá-los da rua e torná-los cidadãos de bem. Se não estudar, não treina comigo. O importante é que eles não entram no mundo da violência, no mundo das drogas.
E as meninas participam dos treinos também?
Tem a Vitória, é a representante das mulheres da comunidade. Teria um espaço maior para as meninas se tivesse outro treinador.
Como é a resposta dos pais?
O que me deixa triste é que os pais não comparecem. Marquei reunião e só compareceram cinco pais. Eles
não sabem se sou uma pessoa má ou boa. Será que estou ensinando a fazer coisas erradas ou coisas boas?
Isso não é positivo, eles deveriam participar mais.
Quais são as dificuldades?
Dinheiro pra uma festa ou para pagar transporte. Não dá pra pedir toda hora pro vereador. Nosso sonho é ter uma van. Gostaria muito de conversar com o reitor pra falar sobre nosso trabalho. E queria também um refletor pro campo [risos].
O que você espera das crianças para o futuro?
Gostaria que todos estivessem formados na escola. Formar jogadores também é o sonho de todo treinador. É das comunidades todas que saem os melhores jogadores do mundo.